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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Greve interrompe obra na SP-264

Sem pagamento de salários, 23 caminhoneiros de empresa terceirizada decidem cruzar os braços
Foto: ADIVAL B. PINTO - JCS
Estão paradas as obras de duplicação da rodovia João Leme dos Santos (SP-264), no trecho entre Sorocaba e o campus da Universidade Federal de São Carlos. Um grupo de 23 caminhoneiros, responsável pelo transporte de areia e pedras, está com os braços cruzados desde anteontem por falta de pagamento. Os motoristas alegam que a Construtora Gomes Lourenço, responsável pela execução do serviço, não honra com os salários há 40 dias.

A revolta dos caminhoneiros provocou a interdição da SP-264, ontem de manhã, no período de 1 hora e meia. Pneus e pedaços de madeira foram incendiados às 8h no quilômetro 109 da rodovia, bem em frente ao imóvel que sedia o canteiro de obras da Construtora Gomes Lourenço.

Por meio de uma nota, a Gomes Lourenço informou não ter nenhum vínculo empregatício ou contratual com as pessoas que interditaram a rodovia João Leme dos Santos (SP-264). Na prática, a mão de obra terceirizada dos motoristas havia sido contratada pela Betonetec Engenharia e Construções _ que prestava serviço para a Gomes Lourenço.

Ontem, a Betonetec Engenharia anunciou o rompimento do contrato com a Construtora Gomes Lourenço. A empresa havia sido contratada para subempreitar as obras de duplicação do lote 1 da SP-264.
Quilômetro 109 da SP-264 - Imagem Google
Em nota, a Betonetec relatou que a Gomes Lourenço recebeu os valores de mediação do DER e não fez o repasse desse dinheiro. O fato gerou o atraso no pagamento dos fornecedores.

A Betonetec notificou a contratante em 29 de maio diante da falta de pagamento. De acordo com o documento, a Gomes Lourenço teria respondido que "não iria realizar o pagamento das medições em atraso e que o contrato de subempreitada estava rescindido unilateralmente".

Na contranotificação, a Gomes Lourenço teria informado o pagamento de alguns fornecedores. Porém, segundo a Betonetec, não foi apresentado nenhum documento para provar o fato.

Dessa forma, a Betonetec pretende acionar a justiça. A ideia é recuperar os valores devidos. Segundo Alberto Rodrigues Junior, funcionário da empresa, a quantia gira em torno de R$ 1 milhão.

Os mais prejudicados com essa disputa são os caminhoneiros terceirizados. A motorista Denise Sandoval, 28 anos, foi contratada em abril para executar o serviço. Disponibilizou três caminhões para o transporte de areia e pedras, mas não vê a cor do dinheiro há mais de um mês. "Eles me devem uns R$ 57 mil", afirma.

Denise disse ter recebido dois cheques pré-datados em 15 de maio com os valores de R$ 20.335 e R$ 5 mil por parte da Betonetec. O saque seria feito somente em 30 de maio, mas o dinheiro nunca caiu em sua conta. "Porque eu fui ao banco e soube que os cheques estavam sustados", lembra.

Também sem receber está o motorista Silmar Duarte, 31, que cobra o depósito de R$ 11 mil. "Se não houver novidades, amanhã [hoje] fecharemos de novo a rodovia", garante.

O serviço de transporte de areia e pedra era feito por 23 motoristas contratados de forma terceirizada. Segundo Duarte, alguns foram a São Paulo e receberam os salários atrasados por parte da Gomes Lourenço. "Mas, enquanto não houver essa definição, ninguém vai voltar a trabalhar", comenta.

A Construtora Gomes Lourenço é responsável pelo lote 1 da SP-264, que compreende os quilômetros 102 e 109,6. A empresa foi contatada pelo governo estadual para desempenhar o trabalho pelo valor de R$ 56,9 milhões.

Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Estado de São Paulo, a Construtora Gomes Lourenço já foi multada duas vezes por atraso nas obras. A primeira autuação ocorreu em março e custou R$ 197,3 mil. A segunda aconteceu em abril, mas o valor não foi informado.

Ontem, o DER informou que estuda a quebra unilateral de contrato após parecer jurídico. Isso acontecerá caso a empresa Gomes Lourenço continue com atrasos no percentual de serviços realizados.

Além das multas, o DER parou de fazer o repasse financeiro à Gomes Lourenço. A medida será feita até que a empresa atinja o percentual previsto para receber a próxima parcela, conforme contratado.

Ontem não havia nenhum operário com a mão na massa no trecho 1 da obra. Os funcionários permaneceram em frente à sede da empresa com os braços cruzados.

O único movimento era visto no trecho 2 da SP-264. As obras nessa área são de competência da Compec Galasso, que realiza os trabalhos a partir de Salto de Pirapora, entre os quilômetros 109 e 119. Ela foi contratada por R$ 57,2 milhões.

Giuliano Bonamim


Notícia publicada na edição de 06/06/14 do Jornal Cruzeiro do Sul

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