Salto de Pirapora Notícias

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sábado, 28 de julho de 2012

Racionais MC's lançam clipe de "Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)"


Foi lançado nesta sexta-feira (20/07) o clipe de "Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)", dos Racionais MC's.


A faixa foi composta especialmente por Mano Brown para o documentário "Marighella", dirigido pela sobrinha do militante baiano Carlos Marighella, Isa Grinspum Ferraz. O filme estreia nos cinemas no dia 10 de agosto.

O clipe dos Racionais entremeia fotos e cenas de protestos com imagens dos membros do grupo. Algumas cenas foram gravadas em uma invasão na região da Luz, no centro de São Paulo. Dirigido por Daniel Grinspum, o vídeo foi indicado a clipe do ano no VMB 2012.


Está armado no centro de São Paulo o cenário para um eventual conflito entre sem-teto e autoridades. A Justiça determinou a desocupação de um edifício na região da Cracolândia, onde hoje vivem cerca de 1.300 pessoas.

Elas estavam a poucos dias de conseguir, pelo mecanismo constitucional do usucapião, a posse definitiva do imóvel, invadido há quase cinco anos.

Teme-se a reedição do caso Pinheirinho, de onde 1.600 famílias foram retiradas pela Polícia Militar de um terreno em São José dos Campos, interior de São Paulo, em janeiro.

O líder do grupo Racionais MCs, Mano Brown, gravou clipe da música "Marighella" --sobre o guerrilheiro comunista Carlos Marighella (1911-1969)-- na ocupação da rua Mauá.

 

Linguagem agressiva do rap mostra realidade de jovens negros da periferia.

USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
MANO BROWN / KL JAY/ EDDY ROCK / ICE BLUE
Estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP mostra que o rap (Revolução através das palavras) expressa os sentimentos dos jovens negros da periferia e denuncia as condições de violência, preconceito e discriminação por eles vividas. Para a pesquisadora Sílvia Cristina Oliveira, que analisou e avaliou as letras de dez músicas do CD Raio X Brasil, do grupo de rap Racionais MC’S, "o jovem negro encontra espaço no rap para manifestar sua revolta contra o sistema que o agride. Eles utilizam a arte e a música como forma de reivindicar cidadania".

Os negros, afirma Sílvia, sofrem por parte da sociedade brasileira um racismo velado. "Vivemos o mito da de-mocracia racial", diz, e os jovens negros respondem a essa situação de várias maneiras. Uns partem para a violência concreta, enquanto outros manifestam sua agressividade por meio do discurso violento proposto pelo rap. "As músicas que analisei trazem impressas em suas letras a realidade desses jovens. Eles encontram na violência verbal e simbólica uma maneira de desabafar e registrar as agressões raciais e institucionais, como atendimento médico deficiente, sistema educacional precário e agressões policiais, das quais são vítimas", explica. "Além disso, o rap oferece à sociedade a chance de entrar em contato com a vida desses jovens, cuja realidade é ignorada".

Porém, a função social do rap vai além da denúncia. Segundo a pesquisadora, essa manifestação artística serve como um instrumento de politização dessa juventude desfavorecida. Como a realidade descrita nas letras é a mesma para esses jovens, há uma grande identificação entre eles, unem-se como vítimas da mesma repressão. "O rap acabou se transformando em uma espécie de religião para eles". Os autores das músicas utilizam-se desse fato para pregar o direito à cidadania e incentivá-los a melhorarem suas chances de vida, por meio do estudo e não uso de drogas.

Na linguagem agressiva do rap, afirma Sílvia, expressa-se o desejo de mudar a situação social vigente, desafiando o jovem a sair da passividade e ter uma posição ativa frente ao sistema opressor. "As letras incentivam a busca da cidadania plena e expõem os tipos de violência que os jovens negros sofrem e propõem a paz".

Esse tipo de música, além de conter uma descarga emocional dos jovens da periferia, contribui para a formação e recuperação da identidade negra, reforçando os valores da cultura afro-brasileira. É um espaço para que eles possam reaver a identidade negra e reconstruir a auto-estima. "As músicas possibilitam a conscientização dos jovens da periferia, trazem informações e preservam a identidade coletiva como maneira de se romper o ciclo de miséria, da violência e do racismo", ressalta a pesquisadora.

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